sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

DIVAGAÇÕES SOBRE O MEDO



— Do que você tem medo?

Essa pergunta a pegou de surpresa! Ela nunca tinha pensado nisso. Pelo menos nos últimos tempos...

— Por que essa pergunta agora? Eu demonstro algum medo?

— Não, mas é justamente por isso que eu tenho certeza que você está com medo. Quem não demonstra nenhum medo, só pode ter medo que lhe descubram o seu medo mais absoluto!

— Nossa, maluco! Tu andou fazendo curso de psicologia por correspondência ou tá tomando aquele chá de cogumelo? Sobrou um pouco pra mim? Que coisa sem pé nem cabeça!

— Já vi que o seu medo de admitir seus medos é grande. Mas é bem provável que entrar em contato com eles seja muito benéfico, tente! Você vai ver que enfrentar os medos os faz desaparecer.

— Eu acho que tu tá com um parafuso a menos. Tu quer que eu admita que tenho uma coisa que tu inventou que eu tenho? Medo mesmo, eu tô sentindo de tu, cara! Que loucura! Sai daqui — empurrando-o.

— Já está melhorando: admitiu um medo...

— Pelo jeito não é chá, é pedra. Tu tá queimando pedra, malandro? Cuidado, esse negócio vicia logo e mata muito rápido, mané!

Sai do quarto e ele a segue.

— Fugir não vai ajudar em nada a sua situação.

— Que situação? Quem disse que minha situação precisa de ajuda? E quem é você pra dizer qualquer coisa sobre mim? Vê se te enxerga, rapaz!

— Agressividade: mais um sintoma de medo! Perceba isso e entre em contato com o seu sentimento sem fugir...

Ela interrompe irônica:

— Tá bom, eu tenho medo! Você descobriu o segredo da minha vida! Eu tenho muita vergonha de tudo isso, mas para com essa bobagem!

Ela se tranca no quarto, deixando-o no corredor, enquanto coloca no DVD o primeiro filme de terror que veriam juntos. Agora ela queria sentir medo sozinha.
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A imagem: O Grito, Edvard Munch.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

MORTE E VIDA SEVERINA


Ontem terminei de ler “Morte e Vida Severina” de João Cabral de Melo Neto. É um Auto de Natal pernambucano como o próprio autor descreve. Isso me surpreendeu! Ele faz um retrato de toda a dureza da “vida severina” do nordestino retirante, mostrando o porque dele se afastar de sua terra e os percalços pelos quais ele passa durante a viagem até a desilusão total. O melhor, porém, é a esperança que Melo Neto coloca no final da poesia.

Emocionante e envolvente!

Eu recomendo. Mesmo quem não tem muito tempo ou paciência para ler pode se deleitar com este texto que é muito curto!

Com carinho...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

QUEM ENTENDE AS MULHERES?

— Boa noite, meu amor!

Soou irônico! Ela ainda parecia irritada com a pequena discussão que tiveram no shopping! Só porque ele virou o rosto, por menos de um minuto, na direção daquela ingênua mulata de decote ousado, vestido justo que contornava perfeitamente as suas perfeitas curvas, a cintura fina, as coxas grossas que eram o complemento perfeito da sua protuberância glútea redondíssima e volumosa. Ela estava exagerando! Ele nunca trocaria a sua companheira, (uma mulher que por todos os seus predicados físicos e intelectuais era classificada por ele no altíssimo grau de “jeitosinha”) por uma sensacional negra de olhar provocante e formas sinuosas. Ele nunca olharia com o mínimo desejo pra uma mulher como essa: sensualíssima, que escorria volúpia por todos os poros. Na verdade nenhum homem faria uma coisa dessas.

Ela o deixa com o olhar perplexo, e roxo, arrancando com o carro em direção ao posto médico mais próximo do shopping para cuidar da sua mão direita inchada. O inocente rapaz acaba, coincidentemente, sendo auxiliado pela mesma pessoa que, sem intenção, provocou a tênue discórdia do casal. A mulata era enfermeira e passou a noite em um intensivo tratamento onde o pobre rapaz gemeu com muita vontade.

Boas vindas!


Vc q teve a coragem de acessar o meu blog, seja bem vindo!

Uma boa leitura, mesmo q a qualidade do q é escrito seja duvidosa.

Esteja a vontade para comentar ou não, pois eu estarei à vontade para aceitar ou não seu comentário!