domingo, 23 de março de 2008

GUILHERMINA GAUDINO (parte final)

Gui tinha um plano muito bem arquitetado e as suas amigas, ou melhor, confidentes, faziam parte da base de sustentação deste plano. Roberta havia descoberto que ela não queria relacionamentos duradouros, por isso, Gui a retirou da sua lista de confidentes apesar de mantê-la como amiga.

Os seus relacionamentos amorosos seguiam um roteiro:
- Ela escolhia a vítima, ou seja, o seu “algoz”, entre os homens que despertavam seu interesse, mas que menos tinham chance de querer um relacionamento sério. A sua intuição era aguçadíssima, tanto que ela só se interessava por esse tipo de homens. Evitava os comprometidos e “galinhas” assumidos que eram muito óbvios (obviedades só a seu favor). O primeiro encontro era cercado de muito romantismo e sedução de ambas as partes. Pelo menos era assim que ela contava às amigas. E contar às amigas era obrigatório. Elas torciam muito para dar certo a cada romance e adoravam este primeiro momento. Gradativamente, ela passa a dar maior importância e a cobrar pequenas coisas que não a incomodavam muito, por exemplo, um telefonema não atendido, um torpedo ou e-mail não respondido. O rapaz se sentia pressionado e a evitava cada vez mais. As amigas, que apenas conhecem a versão de Gui, são induzidas a ficar contra o rapaz (que, mesmo que quisesse namorá-la no princípio, não suporta a pressão), transformado em um carrasco monstruoso que, após dar “umazinha”, se afasta da “mocinha inocente”. Assim, nossa personagem principal é aconselhada, ou mesmo pressionada, a se afastar do “malvado” e esquecê-lo. Ela demonstra que ainda quer investir mais um pouco no relacionamento, procurando-o e perguntando porque ele se afastou, se ela fez alguma coisa que ele não gostou e se pode fazer algo para melhorar ou coisa desse tipo. A relação se arrasta por mais algum tempo e ela acaba por desistir com o apoio das amigas.

Por dentro ela se sente superfeliz cada vez que isso acontece. E o melhor é que Gui não corre o risco de ficar “mal falada”, pois a culpa recai sobre o homem. Sua consciência também fica leve porque homem não corre mesmo o risco de ficar “mal falado”. Na verdade ela acredita que ele é beneficiado porque pode alardear à vontade que comeu uma mulher gostosa e nem precisou inventar desculpa pra se afastar. Ela só sente inveja por querer fazer o mesmo com um homem.

sábado, 15 de março de 2008

GUILHERMINA GAUDINO (parte 2)

Só na semana seguinte Roberta recebeu o telefonema de Guilhermina:

— Ele não me liga, já faz três dias!

Roberta cortou imediatamente:

— Eu já ouvi isso, Gui! Você vai dizer que vocês falaram no MSN, que foi tudo de bom, e ele mandou um torpedo supergracinha que você respondeu com um também muito bonitinho e tudo isso aconteceu por alguns dias, mas um belo dia você ligou e ele não atendeu, depois você mandou um torpedo e ele não respondeu, ao mesmo tempo que ele não entra mais no MSN. Não é isso? Eu preciso falar uma verdade: você escolhe os homens errados. Todos eles têm o mesmo perfil e, por isso, as mesmas reações para as atitudes que você repete com todos eles. A Maria tinha toda razão quando falou que você não sabe escolher os seus namorados, ou melhor, você escolhe todos de forma que não dê certo. Parece que é isso que você quer!

— Você não está falando sério! Eu sempre disse que o que eu mais quero na vida é ter um relacionamento duradouro com o homem certo, Rô! Mas toda vez que eu me aproximo de um cara interessante e começo a criar expectativas, ele pára de me ligar, não atende os telefonemas... E agora você vem insinuar que a culpa é minha? Pirou de vez... Olha, Rô, você acha que é querer de mais que ele responda os meus recados e me trate com respeito?

— Não falei isso, Gui!

— Mas foi exatamente isso que eu entendi! Agora, eu tenho que desligar porque tá na hora de ir pra manicure. Tchau!

Ela não tinha que ir à manicure, pois acabara de voltar de lá. Gui fugiu descaradamente da conversa que estava seguindo em um rumo muito incômodo pra ela. Roberta a tinha decepcionado. Sempre que se queixava, sua amiga lhe dava razão e palavras de conforto, dizendo que o cara não a merecia, que ela ia encontrar alguém que tivesse um sentimento puro e verdadeiro e todas estas coisas que servem pra consolar e enganar nosso orgulho. Desta vez, Roberta tinha falado o que realmente poderia ajudá-la: a verdade. Mas Guilhermina não aceitava. Ela preferia se passar por “eterna vítima”.

(Continua)

quinta-feira, 13 de março de 2008

VIVA A ROTINA!

Existem dois tipos de pessoas entediadas: as que nunca quebram as suas rotinas e as que não têm rotinas para quebrar!

Ronaldo Egitho.

segunda-feira, 3 de março de 2008

GUILHERMINA GAUDINO (parte 1)

Guilhermina era uma mulher linda, tinha consciência disso e sabia se valorizar com roupas que a deixavam com uma sensualidade discreta, ou seja, não mostrava, apenas insinuava o que é muito mais interessante. Independente financeiramente, tornou-se carente e descrente de relacionamentos, depois de um noivado desfeito. Pretendentes não lhe faltavam, mas ela vivia reclamando que os homens não queriam nada sério. Para ela todos eles só queriam se aproveitar sexualmente das mulheres. “Todos” é exagero, ela conhecia exceções que, dizem, formam um grupo cada vez mais numeroso: os gays. Só os homossexuais não se aproveitavam das mulheres. Entre os heterossexuais (e, quem sabe, os bi) ela se sentia a vítima preferida. Mesmo assim ela estava sempre aberta a um relacionamento que lhe desse a esperança de ser um compromisso duradouro.

Uma vez ela ligou para sua amiga Roberta Tambellini, cheia de expectativas:

— Rô? É a Gui! Tô doida pra te contar... Você lembra daquele rapaz que eu te falei semana passada? Aquele da tatuagem de dragão, dono uma fábrica de chocolate artesanal! Então, nós saímos pra jantar num restaurante maravilhoso super-romântico! Depois ele me levou num mirante que tinha uma vista es-pe-ta-cu-lar da cidade e a gente podia deitar numa pedra e ficar vendo as estrelas sem ninguém por perto. Tinha uma neblina que dava a impressão de sonho! Eu só fiquei incomodada quando ele ficou parado me olhando, parecia que tava procurando algum segredo na minha alma, não sei! Quando eu percebi, perguntei logo o que ele tava olhando, pra quebrar aquele clima estranho. Como você não acha estranho uma pessoa ficar te olhando assim? Não importa! O importante é que nos beijamos naquele cenário de sonho! Imagina só, o nosso primeiro beijo parecendo um conto-de-fadas! Só pode ser um sinal dos deuses de que eu encontrei o meu “príncipe encantado”! E que beijo gostoso! Eu me senti nas nuvens só com o beijo, já pensou como vai ser o resto! É isso mesmo, o resto ainda vai ser. Mas deixa eu contar... Eu já tava querendo ir conhecer o apartamento dele, completamente alucinada, quando eu pus a cabeça no lugar e pensei em fazer diferente: no primeiro encontro não, vou esperar até o segundo, ou melhor, até o sexto. Assim ele vai ficar maluquinho e não vai mais desgrudar de mim! E assim fiz: ficamos só nos beijos e o “mão naquilo, aquilo na mão”. Só nos demos conta da hora quando começou a clarear. Mesmo com sono, ficamos abraçados assistindo o nascer do sol. Sem exageros, foi o céu mais bonito que eu vi na minha vida, e você sabe que eu já passei dos trinta! Foi maravilhoso! Depois ele me levou pra casa. Eu preferi não abrir a boca no carro, pra manter aquele clima de sonho, até porque eu ainda fiquei lembrando de tudo que tinha acontecido, ele também não puxou assunto. Quando ele parou o carro na frente do meu prédio, ele quebrou o silêncio perguntando se meus pais não se incomodavam de eu chegar de manhã, eu respondi que eles moravam em Jundiaí e que meu irmão tinha viajado com a namorada. Aí ele falou que a noite tinha sido linda (eu concordei) e que, se eu o convidasse pra subir, essa noite podia se transformar em uma linda manhã. A minha vontade era de aceitar, mas eu pensei: “só no sexto encontro” e resisti dizendo que era a primeira vez que a gente tava saindo e era muito cedo. Ele falou que antes das sete era mesmo muito cedo, mas se a gente desse uma voltinha de carro, podia voltar às sete e cinco e não seria mais tão cedo. Engraçadinho, ele! Eu sorri e... Espera... O meu chefe tá ligando pro meu celular, depois eu ligo! Tchau!
(CONTINUA)

domingo, 2 de março de 2008

Filosofia do Sexo (sinopse)


Depois do enorme sucesso no TBC, “Filosofia do Sexo”, de Alexandre Biondi, reestréia no Teatro Bibi Ferreira



Sobre o espetáculo

Será que as mulheres podem fazer sexo como os homens, ou ainda, será que os homens podem se apaixonar como as mulheres?



É o que Karen vai tentar descobrir nesta hilariante comédia. Fazendo de cobaia seus três melhores amigos, ela investigará o que as pessoas de trinta e poucos anos tem que fazer para se divertir em uma cidade cheia de solteiros e solteiras convictos.



Ficha Técnica

Diretor e Autor – Alexandre Biondi

Elenco – Adriano Merlini (Miro) / Alexandre Biondi (Charles) / Carla Araújo (Sandra) / Eliana Ravanhani (Karen) / Fábio Augusto (Dênis), Ludmilla Corrêa (Joana) e Milthon Cury (Mr. P)

Iluminação – Ronaldo Egitho

Fotos – Athenas Produções

Trilha Sonora – Alexandre Biondi

Produção Executiva – cia. Marquesa de teatro

Assessoria de Imprensa – Alexandre Biondi



Serviço

Filosofia do Sexo: para quem sabe que sexo é bom e não tem vergonha de perguntar

Gênero – Comédia

Recomendado a partir de 16 anos / Duração 90 minutos

Teatro Bibi Ferreira – Av. Brigadeiro Luís Antônio, 931 – Fone – (11) 3105-3129

Sábados às 18:30h – de 01 de março até 28 de junho

Ingressos – 30,00 (15,00 – estudantes, aposentados, maiores de 60 anos, professores e classe artística)

Venda dos ingressos – 1 hora antes da apresentação

Lotação – 400 lugares / ar condicionado/ acesso para cadeirantes



Informações para a imprensa

Alexandre Biondi - Assessoria de Imprensa

Fones: 11 9295-8562

alexandrebiondi@terra.com.br / ciamarquesa@terra.com.br